Cruzeiro E.C - Uma história de títulos e craques

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História do Cruzeiro


Hoje ninguém nem relaciona diretamente uma coisa com a outra, mas o fato é que o Cruzeiro nasceu de uma iniciativa da colônia italiana que habitava Belo Horizonte nop início do século 20. No final do ano de 1920, o cônsul da Itália visitou a capital mineira e se deparou com uma multidão de conterrâneos apresentando a idéia de criar um clube de futebol da colônia. Era assim que nascia, em 2 de janeiro de 1921, a Societá Sportiva Palestra Itália, com o vermelho, o branco e o verde da bandeira italiana como cores oficiais.
A partida de estréia aconteceu em abril daquele ano, contra um combinado de jogadores do Villa Nova e do Palmeiras, ambos de Nova Lima. 

O primeiro jogo oficial, porém, foi mais marcante: vitória por 3 x 0 sobre o Atlético-MG.

Até então, a escalação era pródiga em nomes como Polenta, Checchino e Parizi. Foi em 1925 que o estatuto do clube passou a permitir atletas que não tivessem origem italiana – mesmo ano em que outra agremiação da colônia italiana, o Yale, foi dissolvida e viu boa parte de seus jogadores e sócios migrar para o Palestra. Isso tudo fortaleceu a equipe e levou à primeira série de conquistas, o tricampeonato mineiro entre 1928 e 30, quando brilhou o primeiro grande ídolo da história do clube, Niginho. Durante quase 20 anos, ele somou 207 gols em 272 partidas pelo Palestra Itália. Aliás, não só pelo Palestra Itália, mas pelo Palestra Mineiro.

Ou, pensando bem, também pelo Ypiranga e pelo Cruzeiro Esporte Clube. Confuso, não? A história é a seguinte: em janeiro de 42, auge da Segunda Guerra Mundial, um decreto-lei do governo federal proibiu que as instituições usassem em seus nomes qualquer referência às nações do Eixo (Alemanha, Itália e Japão). Foi quando o nome do clube passou a ser Palestra Mineiro. Em setembro daquele mesmo ano, decidiu-se levar a cabo a transformação do Palestra em um clube 100% brasileiro: adotou-se o nome Ypiranga. Mas a mudança sobreviveu apenas a uma partida. Em 7 de outubro de 1942, de uma vez por todas, inspirada pela constelação do Cruzeiro do Sul, a diretoria oficializou a criação do Cruzeiro Esporte Clube, de cor azul.


A vida sob o novo nome começou bem, com o tricampeonato entre 43 e 45, em que brilhou o atacante Ismael, e a reforma do estádio cruzeirense, que passou a levar o nome do então governador de Minas Gerais, Juscelino Kubitschek. O problema é que a saúde financeira do clube não estava pronta para encarar os gastos com as obras e com o elenco: assolado por uma crise, em 52 o Cruzeiro dispensa todos os seus jogadores profissionais e passa a ser, essencialmente, um clube amador. 

Foi através do cachê recebido por amistosos ao redor do Estado que o clube começou a resolver a situação, que melhorou definitivamente com a construção da sede social no Barro Preto. A arrecadação aumentou e possibilitou a criação de mais uma boa equipe, a que atingiu o tricampeonato mineiro 59-61, graças a Vavá, Raimundinho, ao zagueiro Procópio e aos gols dos artilheiros Elmo e Rossi. Era o embrião da equipe que mudaria para sempre a história do Cruzeiro.

Niginho - à direita - ídolo do Cruzeiro


Depois da inauguração do Mineirão em 65, o futebol do Estado ganhou importância. Naquele ano, o Cruzeiro ganhou o primeiro título do que seria o pentacampeonato mineiro conquistado por um esquadrão inesquecível, que tinha Zé Carlos, Piazza, o goleiro Raul Plassmann, Dirceu Lopes e, sobretudo, o maior craque da história do clube, Tostão. Além do domínio em Minas Gerais, os cruzeirenses ganharam respeito no Brasil inteiro, graças a uma conquista incontestável. 

Na decisão da Taça Brasil de 1966, contra o Santos de Pelé – que vivia o auge de sua carreira -, o time fez história ao marcar incríveis 6 x 2 no Mineirão. No segundo jogo, os santistas venciam por 2 x 0 ao final do primeiro tempo e já pensavam na terceira partida, de desempate, que seria disputada no Maracanã. Mas faltou combinar com o Cruzeiro: Tostão e Dirceu Lopes empataram a disputa e, aos 44, Natal deu a vitória por 3 x 2. Não havia argumento para negar: o Cruzeiro tinha o melhor time do Brasil.






Ao contrário do que costuma acontecer, não houve uma entressafra antes da chegada da próxima geração de sucesso: as duas praticamente se fundiram. Ainda com Dirceu Lopes, Zé Carlos e Raul e com a chegada de talentos como Palhinha, Joãozinho, Eduardo, Nelinho e Perfumo, o time continuava na elite do futebol do País e esteve a ponto de conquistar duas vezes o Campeonato Brasileiro: foi vice-campeão em 74, ao perder para o Vasco da Gama, e em 75, quando caiu diante do Internacional. Essa campanha foi a que creditou a equipe para participar daquela que seria sua primeira campanha internacional vitoriosa. Na Libertadores de 76, depois de ter eliminado o Internacional naquele que é considerado um dos maiores jogos da história do futebol brasileiro – vitória cruzeirense por 5 x 4 no Mineirão –, o Cruzeiro foi até a decisão, contra o River Plate.



O regulamento não contava com o saldo de gols; portanto, depois de uma vitória por 4 x 1 no Mineirão e uma derrota por 2 x 1 no Monumental de Núñez, a disputa do título foi para uma terceira partida, em campo neutro, o estádio Nacional de Santiago, no Chile. O Cruzeiro saiu na frente, viu o empate dos argentinos em 2 x 2 e, a um minuto do final, Joãozinho marcou de falta o gol do título continental. Na decisão da Copa Intercontinental, no final do ano, o Bayern de Munique de Gerd Müller e Beckenbauer foi demais para os brasileiros. No ano seguinte, nova final da Libertadores, contra o Boca Juniors: desta vez os cruzeirenses ficaram com o vice-campeonato.

Então, sim, veio uma entressafra: os anos 80. Maus resultados no Brasileirão e somente dois títulos estaduais, em 84 e 87. Até de ídolos o período foi discreto, com alguns espasmos ocasionais de Carlos Alberto Seixas, Ademir, Hamílton ou do até certo ponto blasfemo Tostão II. Tudo isso, porém, passou bastante rápido. Bastou a década seguinte começar, já com o título mineiro de 90, que os cruzeirenses entraram numa inércia de títulos que parecia não acabar mais. Foram duas Supercopas da Libertadores seguidas, em 91 e 92 – com vitórias heróicas contra River Plate e Racing Club, respectivamente. Um ano depois, Cleison, Roberto Gaúcho, Nonato e companhia foram atrás de outro grande título, a primeira Copa do Brasil.


O bicampeonato de 97, conquistado pelas mãos salvadoras de Dida, além de Palhinha, Ricardinho e Marcelo Ramos, credenciou o time para nova disputa da Libertadores da América, no ano seguinte. O bicampeonato sul-americano, conquistado com uma vitória por 1 x 0 sobre o Sporting Cristal do Peru, novamente não foi suficiente para levar ao título mundial. No Japão, o Cruzeiro utilizou a política duvidosa de contratar alguns atletas apenas para a disputa da partida contra o Borussia Dortmund. Os alemães fizeram 2 x 0 e o sonho de pintar o mundo de azul mais uma vez foi adiado.


A torcida cruzeirense, por mais sonhadora, não conseguiria imaginar que o melhor ainda estava por vir. Nos anos 2000, a presença do Cruzeiro na disputa de títulos foi quase permanente: o time de Fábio Júnior, Geovanni, Cris e do argentino Sorín busca o tri da Copa do Brasil, no ano 2000. Mas lavagem completa da alma mesmo foi em 2003. Começou com o título mineiro, veio em seguida o tetra da Copa do Brasil e, finalmente, o título mais esperado.


Com todas as glórias que já contava, o Cruzeiro ainda não tinha nenhum título brasileiro. Quando ele veio, foi com sobras, encantando o Brasil: a equipe comandada por Vanderlei Luxemburgo, com Gomes, Edu Dracena, Maldonado e principalmente o craque Alex, terminou 13 pontos à frente do vice-campeão Santos e concretizou a “Tríplice Coroa” que até hoje clube nenhum conseguiu: no mesmo ano, campeão estadual, da Copa do Brasil e do Brasileiro. Era o que faltava para que o clube, a priori, ser incluído entre os favoritos em absolutamente qualquer competição que disputa.


Em 2009, o clube teve a chance de conquistar pela terceira vez na sua história a Copa Libertadores da América, mas sucumbiu na final diante dos argentinos do Estudiantes. A campanha no torneio foi impecável, comandada pelo jovem Ramires e o “Gladiador” Kleber. Após empatar sem gols na casa do adversário no primeiro jogo da decisão, o Cruzeiro precisava apenas vencer no Mineirão lotado para comemorar o tri, mas, de virada, perdeu para o time de Verón por 2 a 1.


Pesquisa|Montagem|Edição: JF Hyppólito 

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