SPFC - Da Chácara da Floresta a Tricolor do Morumbi

A história do São Paulo Futebol Clube começou a se desenhar em 1900, quando  o Club Athlético Paulistano foi fundado. O Paulistano logo se destacou, tornando-se a grande potência do futebol paulista e brasileiro no início do século XX. O Paulistano se recusava a aderir ao iminente profissionalismo do futebol, e alguns dissidentes juntaram-se à Associação Atlética das Palmeiras, que possuía o melhor estádio da época, mas estava com muitas dívidas, para fundar o São Paulo.

























A trajetória do São Paulo mostra como e por que o clube é o mais vitorioso do futebol brasileiro com a maior quantidade de conquistas nos três principais torneios de futebol disputados por clubes brasileiros, o Campeonato Brasileiro (seis títulos), a Copa Libertadores da América (três títulos) e o Campeonato Mundial de Clubes (três títulos).


O Tricolor Paulista — 1930 a 1934

No dia 27 de janeiro de 1930, às 14 horas, foi assinada a ata de fundação do São Paulo Futebol Clube, no número 28 da Praça da República, nascido da união entre a Associação Atlética das Palmeiras e o Club Athlético Paulistano, ficando como data magna do clube o dia 25 de janeiro de 1930, dia e mês de preferência de seus fundadores por se tratar da data em que foi fundada a cidade de São Paulo.


Entretanto, a real data de fundação é dúbia, por ser apresentada de maneira diferente nos meios de comunicação. Para o clube, como já foi dito, ela aconteceu no dia 25 de janeiro de 1930. Para alguns meios de comunicação a fundação ocorreu no dia 26 de janeiro devido aos atrasos na confecção do estatuto, que fez com que a assembleia de fundação ocorresse somente nesse dia. Porém o referido dia era um domingo. Cabe-se concluir, portanto, que a ata teria sido registrada no dia 27 de janeiro conforme corroboram o jornal A Gazeta Esportiva e a própria FIFA.


Para a criação do novo clube, sessenta integrantes do Club Athlético Paulistano decidiram ceder seus jogadores campeões paulista de 1929, enquanto a Associação Atlética das Palmeiras entraria com seu estádio, a Chácara da Floresta. Conservando as tradições do passado, o uniforme do novo clube estamparia as faixas vermelhas e pretas em homenagem aos dois clubes fundadores. Seu escudo e sua camisa foram desenhados pelo estilista alemão Walter Ostrich, com a colaboração de Firmiano de Morais Pinto Filho, um dos presentes à fundação. 

O nome escolhido para endossar o desejo de fundar um clube que representasse a cidade nos âmbitos mais variados não foi outro senão São Paulo Futebol Clube, que ficou conhecido como São Paulo da Floresta apenas recentemente devido à localização de seu estádio. A primeira diretoria foi formada por: Edgard de Souza Aranha (presidente), Alberto Caldas (primeiro vice), Gastão Tachou (segundo vice), Benedito Montenegro (terceiro vice), Luís de Oliveira Barros (primeiro secretário), José Martins Costa (segundo secretário), João B. da Cunha Bueno (primeiro tesoureiro) e Caio Luís Pereira de Souza (segundo tesoureiro).

Primeiro treino da equipe. À esquerda o time "A" com a camisa do Paulistano e à direita o time "B" com a Camisa da Palmeiras.
Primeiro treino da equipe. À esquerda o time "A" com a camisa do Paulistano e à direita o time "B" com a Camisa da Palmeiras
Os primeiros anos do clube coincidiram com acontecimentos que marcaram época no futebol brasileiro. Pois foi 1930 o ano da primeira Copa do Mundo, e apenas a partir dele que uma partida passou a ser disputada em dois tempos de 45 minutos. E apenas em 1933 é que o primeiro jogo profissional do país foi disputado, com a equipe do São Paulo sendo uma das protagonistas juntamente ao Santos.

Sobre esse primeiro jogo do profissionalismo, cabe ressaltar que foi nele que o apelido do Santos, "peixe", foi dito pela primeira vez. Tratou-se de uma provocação, antes do início do jogo, da torcida tricolor com os jogadores do clube praiano, chamando-os de "peixeiros" de maneira pejorativa.[6] A torcida santista retrucou dizendo "Somos peixeiros, e com muita honra!". A partir daí o apelido foi adotado pelo clube santista, e a mascote, a Baleia, foi criada.

Desde seu início demonstrou ser um clube democrático, pois aceitava de modo irrestrito jogadores de qualquer etnia, classe social ou origem. Também foi o único clube da capital paulista a ter um ex-jogador — Roberto Gomes Pedrosa — como presidente. Como conquistas, o Tricolor Paulista venceu o Campeonato Paulista de 1931 em seu segundo ano de vida, e conseguiu sagrar-se vice em 1930, 1932, 1933 e 1934. Foi também vice-campeão do Torneio Rio-São Paulo de 1933. Portanto, o Tricolor Paulista, clube recém-fundado, estava no topo do futebol local, um fato extraordinário, mas nem tanto se levadas em considerações suas origens vencedoras.

Jogadores do primeiro título ganho pelo clube, o Paulista de 1931.

Logotipo do clube
O São Paulo comprou, então, uma nova sede, suntuosa, localizada na Rua Conselheiro Crispiniano (no centro da cidade), um pequeno palácio conhecido como "Trocadero", ao custo de 190 contos de réis. Essa dívida era grande para a época, porém o clube, detentor de um campo como o da Floresta e um quadro de jogadores que valia muito, não se deixava abalar por isso. 

Porém alguns dirigentes do clube, que andavam descontentes com os rumos do futebol no país, resolveram fundir-se com o Clube de Regatas Tietê e acabar com o departamento de futebol. 

Outro grupo, favorável à continuidade do clube e liderado por Paulo Sampaio foi à Justiça e, no dia 23 de abril de 1935, impugnou o direito de a diretoria fundir o clube com o Tietê sem que a opinião dos sócios fosse ouvida.

Os próprios jogadores foram contra tudo o que estava ocorrendo. Tanto é que se juntaram para formar o efêmero.


Independente Esporte Clube.


Os atletas remanescentes do São Paulo foram, porém, atraídos por outros clubes, e o Independente acabou extinto.

Nesta época o time foi campeão paulista de 1931 e do Torneio Início de 1932.

A primeira vez com a camisa listrada, 1932: Moreno, Orozimbo, Caetano, Barthô, Bino, Luizinho, Hugo (bandeirinha) e Milton; Junqueirinha, Friedenreich


Os sócios obtiveram ganho de causa mesmo após a defesa da diretoria do clube. A diretoria não teve outra saída senão convocar uma assembleia geral. Porém o artigo 2.º dos estatutos do clube à época dizia que somente os "sócios-fundadores", considerados "proprietários" do clube e que somavam duzentos, poderiam compor a assembleia. 

Como a maioria deles era ligado à diretoria, a fusão foi aprovada em 14 de maio de 1935. Nesse dia, debaixo de chuva, o departamento de futebol foi oficialmente extinto e desfiliado da APEA. 

Com a fusão, a parte administrativa foi fundida ao Tietê, que incorporou todos os patrimônios físicos e, em troca, quitaria os débitos do clube e não poderia usar as cores, uniformes e símbolos do São Paulo.


Surgia assim o Tietê-São Paulo

Contudo, alguns sócios indignados com a fusão ao Clube de Regatas Tietê decidiram criar o Grêmio Tricolor, uma associação que refundaria o clube em 16 de dezembro de 1935, preservando as glórias e tradições de outrora.

Nos primeiros anos dessa nova vida o clube era conhecido pelas outras agremiações e seus respectivos torcedores como um time de pobretões. Não bastasse isso, a imprensa de um modo geral, além de também os chamarem de pobres, tratava o clube pelos nomes de "Júnior", "Clube n.º 2" e "São-Paulinho".


No entender de grande parte da população paulistana, a nova agremiação não poderia chegar às glórias da anterior e sequer chegar ao mesmo patamar de Corinthians e Palestra Itália. 

Porém, após tantos empecilhos e ressurreições, ganhou em 1937 o apelido de "Clube da Fé", dado pelo jornalista Tomás Mazzoni, que perdura até hoje.

Nessa época o clube não possuía sócios, fonte de renda e sequer patrimônio. Treinava e jogava onde deixavam. Não havia nem lugar para fazer a concentração, que tinha que ser improvisada com metade do elenco na casa do presidente Frederico Menzen e outra metade nos beliches que havia na torre da igreja da Consolação, paróquia do Monsenhor Bastos, ilustre são-paulino. Os treinos eram por vezes realizados no pátio da própria igreja junto ao local onde os congregados marianos jogavam basquete. Quando havia disponibilidade o time treinava no campo da Várzea do Glicério, mas com a condição de desocupar o local assim que os times, donos do campo, chegassem.


Porém, mesmo com toda a força de vontade e fé de seus dirigentes e o forte apelo popular herdado do Paulistano e do Palmeiras, a verdade é que os jogadores do São Paulo, com raras exceções, eram fracos tecnicamente. O time conseguiu apenas um oitavo lugar no Paulista de 1936 e um sétimo lugar no ano seguinte. Isso seria resolvido com uma nova fusão: em 1938 o Clube Atlético Estudante Paulista, fundado em maio de 1935 por dissidentes do São Paulo, fez uma excursão ao Chile e ao Peru, em que o empresário fugiu com o dinheiro arrecadado, deixando o clube às portas da falência. 

O São Paulo, sabendo da situação, resolveu propor uma fusão, pois o Estudante era formado por bons jogadores e possuía o estádio Antônio Alonso; já o São Paulo possuía torcida, carisma e as contas em dia. Sobrou a dúvida sobre o nome do clube. Os tricolores alegavam que eram mais antigos e que já possuíam uma tradição, além de levar o nome e as cores do estado. Pois foram esses argumentos que prevaleceram, com a condição que o novo presidente fosse alguém neutro, ligado aos dois clubes, Piragibe Nogueira. 

Outra decisão foi a de que sócios de ambos os clubes teriam seus números de matrícula zerados para facilitar a fusão. O São Paulo então arrecadou o dinheiro para saldar a dívida, e o acordo foi então fechado. Em 25 de agosto de 1938 o novo time estreou, já contando em seu quadro de atletas com metade do time do Estudante, entre eles Roberto Gomes Pedrosa, futuro presidente do clube. A nova sede ficaria no prédio da Rua Dom José de Barros, número 337, na República.

O São Paulo foi pioneiro em torcidas organizadas. Em 1939 o cardeal são-paulino Manoel Raymundo Paes de Almeida fundou na Mooca o Grêmio são-paulino, que depois se transformaria na TUSP — Torcida Uniformizada do São Paulo.

No meio da Segunda Guerra Mundial, aflorava um sentimento anti-italiano no país devido ao fato de a Itália pertencer ao Eixo. Ainda nesse aspecto, o governo instaurou uma dura repressão aos países que estivessem contra os Aliados. Dessa maneira, instituições alemãs e italianas foram fechadas, mudaram de nome ou sofreram intervenção direta do governo, entre os clubes pode-se citar o Cruzeiro Esporte Clube, que também chamava-se Palestra Itália e que mudou de nome.

Presidente Décio Pedroso assinando a escritura da compra do terreno do Canindé.



O São Paulo se associou à Deutsch Sportive — que também sofria preconceitos por sua origem alemã — e passou a ter um campo para treinamentos, o Canindé. Apesar de ser uma associação, o terreno do Canindé — equivalente a 70 mil metros quadrados — foi comprado pelo equivalente a 740 contos de réis.



SPFC passaria a ser conhecido Tricolor do Canindé.


Definitivamente Tricolor do Morumbi  
Inauguração Estádio Cícero Pompeu de Toledo 02/10/1960

Após oito anos de construção, e com as obras ainda incompletas (mais de 1/3 por concluir), o São Paulo Futebol Clube abriu o Estádio do Morumbi ao público e ao futebol brasileiro.

Antecedendo a partida programada entre o São Paulo Futebol Clube e o Sporting Clube de Portugal para a comemoração do evento, foi precedida pelo Cardeal Dom Carlos Carmelo de Vasconcelos Motta a benção do estádio, após o que hastearam as bandeiras do Brasil e de Portugal sob os acordes dos respectivos hinos nacionais.

Inauguração definitiva do Estádio do Morumbi 25/01/1970

Com as finanças em dia, o que o São Paulo não pôde realizar em 8 anos, o fez em 2. Ao custo de NCr$ 6.890.000,00, em 20 de dezembro de 1969 o estádio enfim foi concluído. Só faltava a festa para a entrega da obra concluída, que aconteceu de 25 de janeiro de 1970.

Realmente, como diz Laudo Natel, a construção do Morumbi foi uma obra de igreja, realizada com o que se podia, aos poucos, pela venda de idéias, fazendo jus ao um belo subtítulo: Fé e Perseverança.

SÃO PAULO Futebol Clube 1 X 1 Futebol Clube do PORTO

SPFC: Picasso; Édson Cegonha (Cláudio Deodato), Jurandir, Roberto Dias e Tenente; Lourival e Gérson; Miruca, Zé Roberto (Téia),Toninho Guerreiro (Babá) e Paraná. Técnico: Zezé Moreira
Gol: Miruca, 35'/1.

FCdP: Vaz; Acácio, Valdemar, Vieira Nunes e Sucena; Pavão e Gomes; Chico (Celinho), Pinto (Ronaldo), Rolando e Nóbrega. Técnico: Elek Schwartz.
Gol: Vieira Nunes, 32'/1.

Árbitro: José Favilli Neto
Renda: NCr$ 440.258,00
Público: 107.869 pagantes

Morumbi 2017

Pesquisa | Montagem | Edição: JF Hyppólito